Saudades Marinheiras
Percorri as vielas da
Mouraria, de Alfama,
Madragoa e Bairro
Alto,
Elas eram como veias
da cidade, operária e empobrecida.
O fado corria nelas
como seu sangue fosse
E eu olhava com olhar
de espanto,
Essas saudades
marinheiras de descobridores do mundo.
O fado cresceu,
descobriu os poetas
Que das suas tascas
faziam morada,
Partindo à descoberta
como caravelas fossem
E o castelo olhava-o
lá do alto
Como se fosse Tejo em
busca do mar.
As varinas morreram e
foram passado,
Os pregões
perderam-se no eco dos tempos,
Os jornais
esqueceram-se que ali tinham morado,
O eléctrico passava
como tinha passado.
E os poetas partiram,
foram para o Chiado.
Menino já não sou,
Estou velho e
cansado,
Como as estrelas se
cansam de tanto céu estrelado
E o fado perdeu-se
foi para outro lado.
Trinaram guitarras,
murmúrios gemidos,
De um povo sem veias.
De um povo sem fado.
O fado morreu nos
palcos do mundo,
Já não era fado, era
outro fado,
Vendido e sem verbo,
um fado acabado.
Jónatashttp://carmenlara.jimdo.com/
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